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Esquecer e seguir

 E então me pedem pra parar de ser intensa, porque intensidade assusta. Porque ser quem eu sou, assusta. Porque querer gostar e demonstrar assusta. Mas só assusta quando o outro lado não está nessa mesma sintonia. E de repente você que não tinha aberto o coração pra ninguém quando resolve fazer isso novamente e mostra quem é, afasta a pessoa. Mas porquê? Tão naturalmente já não tem aquele abraço, aquele beijo, aquele que mudou teu dia (ainda que em poucas vezes) mais. E você fica triste e se culpa: errei demais em me abrir e ser quem sou? Muitos mandam ser autêntica, eu fui, e estou aqui, novamente de coração partido. Então o segredo desse novo normal é fingir demência e seguir na tristeza oculta? E então eu me lembro desses momentos que passei ao seu lado, e eles seguirão na minha lembrança. Ah, como eu gostaria que esse tivesse continuidade, mas pelo enredo já teve um fim, sim.

Pra você. Se um dia ler. Saberá.

 E esse é pra você. Se um dia vai ler ou não, não sei. Se isso refresca a memória ou não, não sei. Doeu. Doeu cada parte de mim que deixei ir com você, a cada dia, segundo e minuto da minha vida que me dediquei em te fazer feliz, em ter medo de te confrontar ou ser apenas quem eu era. Doeu quando eu olhei em seus olhos mas sempre os desviava de mim. Doeu quando eu queria seus carinhos, beijos, afagos, fazer amor e ser negada. Doeu ser tratada como um fantoche, como uma boneca inflável e sem vida. Doeu a solidão de estar com alguém, doeu a ausência apesar da presença. O perdão veio, a empatia sempre. Porque um coração bom, sempre será em sua totalidade, mas cada parte de mim que ia, era uma parte do coração que sangrava, era como alguém pisando num caco de vidro e o moendo ainda mais. Doeu a falta de cumplicidade, de amor, de cuidado. Doeu a sequência de promessas vazias e aleatórias, doeu as tentativas inúteis de me dedicar ao fel, fingir que quem sabe um dia seria mel. Doeu me neglige

Poesias pandêmicas

É a questão da solidão. Ela vem sorrateira e às vezes quer dominar, mas nada como um fim de tarde, um olhar de uma criança que essa sensação faça eliminar. A dor tangente e aflorada na alma se dissipa Sempre apreciando o que é simples, como o filho empinando pipa Ao redor, pessoas isoladas, que nem se dão bom dia O relógio acelera, numa pressa infindável que contagia A alegria de uma vida inventada com traços Tão ilusória que é necessário beliscar os braços Porque tem burocracia que o homem cria para manter a sanidade Tão inútil, tão fútil, que não passa de mera mediocridade E pode ser por acidente, por um carro, um caminhão A vida é ceifada e se Deus quer, não há quem diga não Porque tudo não passa de instante, uma fumaça Que se esvai ao soprar do vento por onde passa E o hoje pode nem se tornar amanhã Então aproveite e viva o bem, para uma morada em Canaã...

Não deu para não escrever. Crises pandêmicas, irmã de autista, mãe, professora e filha!!!

Dizer que a morte já não tentou me levar seria mentira. Dizer que não tive experiências espirituais que testificam ainda mais a minha fé também. Mas assim como a vida tem seus altos, passa pelos baixos que são os vales. E como filha, como mãe, como irmã, como professora e como Ana, simplesmente uma mulher de 27 anos, me vejo com pensamentos tão aflorados ultimamente que quero expô-los porque talvez ajude alguém e amenize um pouco da angústia “pandêmica” e futurística. Muitos sabem (ou não) sobre minha infância/adolescência. Não sei porquê, mas resolvi falar sobre ser a irmã de um autista grau severo. Para quem não sabe, não é doença, não é algo que tenha cura. É transtorno mental e emocional, e como todo transtorno, há apenas tratamentos paliativos e evolutivos. Um passo de cada vez, um dia após o outro. E uma dose diária de coragem e paciência. Acho que não tem porque pintar esse mundo de cor de rosa ou sequer dizer que ai é tudo lindo, ai como é agradável e especial. Não, chega

Carpe diem...

E eu entendo que a brevidade da vida é um misto de mistério, certeza, silêncio, intensidade, romances, momentos, completude. Em um dia você é criança, implora pelos 15, pela maioridade... quando chega na casa dos 30, tudo o que mais quer é voltar a se aventurar nas brincadeiras incansáveis! Pique-esconde, pega-pega, piscina nas férias de verão e viagens na parentela... E aí piscou, passou! Os anos vieram, os problemas, as escolhas. Diria que 80% dos problemas que enfrentamos são de escolhas mal feitas. E é isso, aprende-se... amadurece, cresce. E cada um toma para si um sonho e o segue, o persegue, mas a decisão final é de Deus... Por isso insisto tanto no "carpe diem".. fazemos planos e projetos sem intensificar o presente, que em apenas 24 horas se torna passado! Então reflita bem se vale mesmo a pena ansiar tanto pelo futuro incerto enquanto a felicidade passa e você não a vivencia.

Ansiedade...

Por fora aquele sorriso, a magia da paisagem, a magia de sentir o amor de Deus suprindo cada detalhe. E por quê então lá dentro impera a insegurança, a instabilidade, o medo, a incerteza, a falta de proteção? Seria ingratidão? Seria solidão? Seria falta problema ou a estruturação dele vinda de dentro é que torna tudo mais sério? Será que mascarar a ansiedade resolve algo? Não! Porque ela vem com uma intensidade tão avassaladora que a pele sente, os dentes ao se apertarem seja com raiva ou sei lá o que. A questão é não saber como eliminar, tratar ou reduzir. O que faz com que doa menos? Busque a Deus, clame por Ele! Sinta a Ele. É fácil? Claro que não. Mas há a promessa, há o processo do milagre. Há a cura espiritual! Que ela venha e arrebate sua alma, principalmente nesses dias de crise aguda. Pois Ele é contigo, e eu também.

A carta anônima

Doía todas as vezes que eu precisava me olhar no espelho. Era como uma ferida na alma, dias oscilando em comer em excesso e dias sem tocar no prato. Olhos fundos, a solidão e incertezas assustadoras.  Foi naquela manhã. Inesquecível... Era um domingo como qualquer outro, eu observava meus cabelos desgrenhados no espelho. Meus olhos apáticos castanhos, boca pequena européia e sorriso tortinho, rosto oval e cabelos encaracolados... Havia acabado de acordar. Na televisão os mesmos programas, em casa tudo a fazer: limpeza, diários. Mais solidão, mais falta de alguém para compartilhar a vida. Quando mexi em minha bolsa do trabalho, eis uma carta.  Era anônima. Era em papel estilo medieval. Estranha a princípio, mas curiosa, abri. "Enquanto tudo parecer cru, singelo e desnorteado, seus olhos perderão o brilho de entender que a vida é o sopro mais tocante que um tornado, mais perigoso que uma tsunami e mais fugaz que o voo de uma águia. Eu quero que me encontre, mas que decifre